Meio século atrás, as doenças infecciosas predominavam no Brasil. A poliomielite não estava erradicada e os exames de imagem basicamente se limitavam ao raio-X. Em paralelo, tratamentos para lidar com infarto, diabetes e hipertensão eram escassos. Poucos médicos queriam tratar o câncer. E o Morumbi ficava na zona rural de São Paulo, em um lugar onde pouca gente pensaria em instalar um hospital — muito menos um com a ambição de ser um dos melhores do mundo.
Nesse cenário, em 28 de julho de 1971, era inaugurado o Hospital Israelita Albert Einstein, 16 anos após um grupo de médicos e empresários da comunidade judaica fundar uma sociedade para expressar o seu reconhecimento com o acolhimento no Brasil. Cumprindo os mandamentos de boas ações (mitzvá), assistência à saúde (refuá), justiça social (tsedaká) e educação (chinuch), o hospital se tornou parte fundamental do progresso do país na área da saúde.
Na época de inauguração, as unidades de terapia intensiva (UTI), cruciais para assistir pacientes de alta complexidade, eram novidade, e essa forma de cuidado foi implantada no Einstein já em 1972. Enquanto o hospital crescia na década de 1970, o país vivia uma dramática epidemia de meningite, que matava um a cada sete infectados. Foi, então, desenvolvida uma campanha nacional de vacinação contra a doença, da qual os funcionários do Einstein participaram voluntariamente.
A partir dos anos 80, com a chegada das drogas imunossupressoras, os transplantes começaram a se tornar um tratamento viável para diversas doenças. O Einstein incorporou essa atividade terapêutica desde 1987, com um transplante de medula óssea. Posteriormente, criou o Programa Integrado de Transplante de Órgãos. Hoje, a instituição é um dos principais centros transplantadores da América Latina e 93% são realizados via SUS.
O Einstein também se destacou no ensino, dentre outras ações com a criação da Faculdade de Enfermagem, que teve seu primeiro ano em 1989, e com o curso de medicina, iniciado em 2016. E foi pioneiro em exames de imagem e de laboratório, cirurgia robótica, telemedicina e em modelos de parcerias com o setor público.
Tantas conquistas culminaram em acreditações como a da Joint Comission International, o que comprova a excelência do Einstein. Esses primeiros 50 anos são só o começo da história.
Dois anos antes da inauguração oficial do hospital, começava a funcionar no local o Ambulatório da Pediatria Assistencial, um projeto do Corpo de Voluntárias Einstein para atender crianças vulneráveis do entorno. Com o tempo, esse grupo se transformou no Departamento de Voluntários. Hoje, ele coordena iniciativas como o Programa Einstein na Comunidade da Paraisópolis (PECP) e a distribuição de 50 mil kits de higiene pessoal e 80 mil cestas de alimento durante a pandemia. O voluntariado possui a certificação ISO 9001, que atesta a profissionalização da gestão e das suas ações.
No dia 28 de julho daquele ano, o hospital abria oficialmente suas portas, 16 anos após um grupo de médicos e empresários judeus fundar uma sociedade com o objetivo de expressar a gratidão da sua comunidade ao país. E já no ano seguinte o Einstein esteve entre os primeiros hospitais do Brasil a inaugurar uma UTI, com quatro leitos de cuidado intensivo e seis de semi-intensivo. A iniciativa ajudou a disseminar um modelo de atendimento fundamental para pacientes críticos, e que ajuda a aprimorar a estrutura dos hospitais como um todo. A estrutura devolveu ao lar cerca de 35% dos pacientes que não voltariam para casa. Um número impactante para a época – hoje, esse número está maior que 90%
Com o objetivo de atualizar os profissionais do Einstein, o Centro de Estudos sediava reuniões científicas e contava com uma biblioteca repleta de periódicos internacionais. É considerado o embrião do atual Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa, uma referência internacional em educação e ciência.
Essa nova tecnologia consolidou os avanços nos diagnósticos por imagem. Graças a ele, médicos passaram a enxergar com maior resolução o que se passa dentro do corpo humano, o que favorece o acompanhamento de diversas doenças e até o planejamento de tratamentos, como cirurgias. O primeiro aparelho de ressonância magnética na América Latina desembarcou no Einstein — e o segundo também.
O Einstein inaugurou sua Unidade de Transplantes de Medula Óssea 34 anos atrás, sendo a primeira organização privada a realizar esse procedimento, bem como o transplante autólogo com medula óssea congelada. O hospital também foi pioneiro no país ao fazer um transplante de cordão umbilical não aparentado, um transplante alogênico haploidêntico (em que o doador é 50% compatível com o receptor) e um transplante para a epidermólise bolhosa, que causa lesões na pele. Hoje, é o único centro brasileiro certificado pela Foundation for the Accreditation of Cell Therapy. Além disso, o Einstein participou do primeiro estudo clínico no Brasil com as células CAR-T, que tem grande potencial contra cânceres do sangue.
As mudanças na prática da enfermagem motivaram a criação dessa faculdade, a primeira do Einstein. Ela ganhou corpo com o tempo, sendo complementada com cursos auxiliares e técnicos. A iniciativa, além de promover o cuidado com a saúde, melhorou a vida de muitos brasileiros por meio de formação profissional de qualidade.
A paciente, que sofria de cirrose em decorrência de uma hepatite, foi a primeira a receber um transplante de fígado dentro de um hospital privado brasileiro. Em 2002, o Einstein criou o Programa Integrado de Transplante de Órgãos com o objetivo de realizar esses procedimentos por meio do SUS. Hoje, é uma referência na área.
Ele foi o primeiro hospital fora dos Estados Unidos a receber essa acreditação, comprovando sua excelência em diferentes frentes, da estrutura ao atendimento. Anos antes, outras áreas do Einstein já haviam ganhado renomadas certificações de qualidade, como o Centro de Terapia Intensiva, em 1997, e o Banco de Sangue, em 1998.
Os últimos 20 anos do Einstein mostram como parcerias com o sistema público bem construídas melhoram a saúde da população. O Einstein firmou seu primeiro contrato com a Prefeitura de São Paulo. Hoje, ele administra mais de duas dezenas de unidades de saúde. São dois hospitais, 14 unidades básicas de saúde (UBSs), 3 unidades de assistência médica ambulatorial (AMAs), 1 unidade de assistência médica ambulatorial de especialidades pediátricas (AMA-E), 2 unidades de pronto atendimento (UPAs), 3 centros de atenção psicossocial (CAPs; e mais uma unidade prevista para setembro), 2 serviços de residência terapêutica (SRTs) e 1 creche (parceria com Prefeitura de São Paulo). Além disso, participa desde 2009, com outros hospitais de excelência, do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), realizando pesquisas, avaliação de tecnologias, gestão e assistência especializada para o fortalecimento do SUS em todo o Brasil. No triênio encerrado em 2020, o Einstein aplicou recursos próprios no valor de R$ 620 milhões em cerca de 40 projetos.
O Einstein recebeu o certificado de Primary Stroke Center pela Joint Comission International em 2007. Trata-se do primeiro hospital da América Latina e o segundo do mundo fora dos EUA a conseguir essa acreditação, o que demonstra sua qualidade no atendimento de pacientes com AVC, uma das principais causas de morte. Antes disso, em 2004, o Einstein já havia desenvolvido o Protocolo de Acidente Vascular Cerebral, que ajuda a realizar o diagnóstico no tempo adequado e a oferecer uma assistência integral e sistematizada, com base nas melhores práticas.
Robôs não são mais ficção científica. Cirurgias com auxílio deles permitem, dentre outras coisas, uma melhor recuperação. No país, o Einstein esteve entre os pioneiros ao fazer uma prostatectomia radical em 2008. Os resultados alcançados pelo método motivaram a aquisição de novas versões dos robôs e melhoria da infraestrutura. Hoje são mais de 12 mil procedimentos no Einstein, considerado um centro de excelência em cirurgia robótica, que capacita profissionais e realiza operações frequentemente.
Foi neste ano que o Einstein se tornou um dos 19 parceiros estratégicos do Institute for Healthcare Improvement (IHI), uma referência mundial em qualidade e segurança na área de saúde. No Brasil, Einstein e IHI desenvolvem projetos colaborativos nos setores público e privado, que visam, entre outras coisas, aprimorar práticas no parto, reduzir a mortalidade materna e diminuir infecções hospitalares. Já em 2014, o Einstein adotou o modelo de governança Triple Aim (criado no IHI), que considera três dimensões: entregar a melhor experiência ao paciente, otimizar o uso de recursos em saúde e melhorar a saúde populacional. Outro fruto dessa parceria é o Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança em Saúde, um dos maiores eventos dedicados ao tema na América Latina. O fórum foi elaborado com base em três pilares: construção da nova era com valor, saúde populacional e equidade.
Iniciado em abril de 2015, o Projeto Parto Adequado tem contribuído não apenas para aumentar o número de partos normais, como para provocar uma mudança no modelo assistencial da gestante e do bebê na saúde suplementar. A estratégia abrange a indução de boas práticas, baseadas em evidências científicas, que contribuem para a redução de complicações e mortes evitáveis (maternas ou neonatais). O Einstein é o líder técnico do projeto, desenvolvido em parceria com a ANS e o IHI. A iniciativa visa oferecer o cuidado certo, na hora certa, da gestação ao pós-parto. Só de 2015 a 2019, o Parto Adequado evitou 20,6 mil cesáreas desnecessárias, representando inclusive uma economia de R$ 45 milhões ao sistema de saúde. Na fase 2 do projeto (de 2018 a 2020), foram 129 maternidades envolvidas.
A pandemia trouxe grandes aprendizados. Foi necessário gerar conhecimento sobre vacinas, medicamentos, exames e outros tantos pontos para minimizar os efeitos da Covid-19. E o Einstein, que tratou o primeiro paciente brasileiro com a doença, teve papel de destaque. Testou medicamentos por meio da Academic Research Organization (ARO) Einstein, que coordena projetos multicêntricos de pesquisa clínica desde 2017. E ajudou a preparar a rede pública, inclusive com o hospital de campanha no Estádio do Pacaembu e expansões físicas relevantes, erguidas em cerca de um mês e meio, do Hospital Municipal Vila Santa Catarina — Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho e do Hospital Municipal M’Boi Mirim—Dr. Moysés Deutsch.
O ranking da revista Newsweek colocou o Einstein como o 36º melhor hospital do mundo. Ele é o único da América Latina a ficar entre os 50 primeiros. E também se destacou em diferentes especialidades: gastroenterologia (12º do mundo), ortopedia (21º), oncologia (28º) e cardiologia (34º), entre outras. A seleção inclui organizações de 25 países, e foi construída a partir da recomendação de profissionais, de pesquisas com pacientes e de diferentes indicadores de desempenho médico. O título de melhor hospital da América Latina para o Einstein também foi conferido em um ranking da AméricaEconomía Intelligence — pelo 12º ano consecutivo. A classificação considera critérios de segurança, capital humano, experiência do paciente. O Hospital Municipal M’Boi Mirim — Dr. Moysés Deutsch, único do setor público na lista, ocupou a 29ª posição. E ele é gerido pelo Einstein.
Robôs participando dos atendimentos, inteligência artificial melhorando a capacidade analítica, diagnóstica e agilizando processos... A tecnologia muda o jeito de cuidar da saúde e de lidar com desafios do futuro. Ao contrário do que se teme, a medicina do futuro será mais acessível, humanizada e democrática. É essa a visão do Einstein.
Novas ferramentas facilitam as predições, diagnósticos e os tratamentos de doenças, ao mesmo tempo em que estimulam o autocuidado, por oferecerem informações do paciente sobre a própria saúde. O engajamento do usuário ajuda a melhorar o sistema, e gera um círculo virtuoso.
Recursos como a telemedicina, tracionada pela pandemia, já aproximam o médico do paciente hoje. A tendência é que o atendimento a distância se intensifique, inclusive com novos formatos, a fim de garantir um cuidado de qualidade em todos os cantos do Brasil.
O desenvolvimento da assistência remota ainda diminui a necessidade de internações, movimento denominado desospitalização. A ideia é levar cada vez mais o sistema de cuidados com saúde até os pacientes, e não o contrário.
Outras ferramentas auxiliam, com base em dados dos pacientes e do sistema de saúde, a fortalecer a medicina personalizada. A partir de informações clínicas, dos hábitos de vida e da genética, dentre outras, a tecnologia ajuda a selecionar a melhor abordagem terapêutica, permitindo que o profissional de saúde se dedique menos à doença e mais às necessidades do paciente. Para seguir no caminho da inovação, em 2017 o Einstein inaugurou a Eretz.bio Incubadora de Startups, que vem fomentando projetos relevantes para o sistema de saúde como um todo.
Tudo isso exige uma atualização constante dos profissionais e em pesquisa e ensino. Mas nada disso substitui a essência da medicina, de uma conexão profunda entre profissionais e pacientes.
A medicina do futuro não é reativa. Ela vai até as pessoas, com foco na atenção primária e na manutenção da saúde. Os pacientes irão menos ao hospital, mas o hospital de alguma forma irá até eles, como parte desse cuidado. Com apoio da tecnologia, profissionais ganham tempo para se dedicar aos pacientes. A multidisciplinaridade no cuidado, que já é praticada no Einstein, é necessária.
Algoritmos estão em todos os lugares, até na saúde! No Einstein, um sistema pioneiro inteligente e altamente seguro permite com que as informações dos prontuários de cada paciente internado sejam analisadas em tempo real. Se algum parâmetro sofre alterações, a equipe é acionada na hora. Com esse tipo de sistema inteligente, o risco de reinternação despenca, exames são otimizados e quem precisa de cuidado o recebe rapidamente, em qualquer lugar.
Na virada do século 21, a medicina entrava na era genômica, ciência que decodifica as informações do DNA e permite a busca de tratamento para as mais diferentes doenças. No âmbito do Proadi-SUS, o Einstein se dedica a terapias avançadas contra alguns cânceres (como a das células CAR-T contra linfomas), a edição gênica para consertar o gene que causa a anemia falciforme, entre outras.
Um desafio é oferecer acesso a serviços de qualidade para toda a população, e a telemedicina é uma aliada nessa trajetória. No projeto Tele-UTI, intensivistas do Einstein acompanham, a distância, pacientes de hospitais públicos de todo Brasil. Há ainda um serviço de apoio a médicos da atenção primária da região Norte. Além disso, novos apps e dispositivos são aliados na transformação do cuidado.